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As melhorias na saúde cardiometabólica e qualidade de vida após a intervenção dietética mesmo sem perda de peso

Muito se é falado sobre a medicina de precisão, mas atualmente, a nutrição de precisão também vem ganhando grande destaque na discussão entre pesquisadores. A nutrição de precisão é baseada em características individuais de cada paciente para aumentar a eficácia das intervenções propostas a fim de melhorar a saúde do mesmo, principalmente quando avaliamos a otimização da eficácia em tratamentos e prevenção da obesidade e distúrbios cardiometabólicos.

Atualmente, grandes indícios de que a avaliação e identificação dos níveis de metabolismo, ação e resistência à insulina podem ser preditores de respostas obtidas pela intervenção dietética aplicada ao paciente. Diferentes fenótipos de Resistência à Insulina (RI), como a RI hepática (RIH) ou a RI muscular (RIM) podem responder diferentemente às intervenções dietéticas.

Um estudo realizado identificou que pacientes com RIM predominante responderam de maneira mais favorável à dietas ricas em ácidos graxos monoinsaturados (MUFAs), enquanto pacientes com predominância de RIH responderam melhor à dietas com menores teores de gordura e maiores teores de carboidratos em relação à secreção e sensibilidade à insulina.

Visando aprofundar esse assunto, pesquisadores avaliaram a otimização da glicose, saúde cardiometabólica, qualidade de vida e bem-estar percebido, através de intervenções nutricionais, modulando a composição de macronutrientes de acordo com o fenótipo de RI identificado no paciente.

Foram recrutados 242 pacientes, com idade entre 40 e 75 anos e IMC entre 25 a 40 kg/m². Os pacientes passaram por uma triagem, onde a RI foi avaliada usando o índice de sensibilidade à insulina muscular (MISI) e o índice de IR hepática (HIRI), calculados a partir da glicose plasmática e resposta à insulina durante teste oral de tolerância à glicose (TOTG).

Os pacientes foram distribuídos entre grupos de intervenção alimentar conforme o seu fenótipo: Grupo A (n=121), incluiu pacientes com fenótipo para RIM que seguiram uma dieta com padrão rico em MUFAs, ou Grupo B (n= 121), que incluiu pacientes com fenótipo para RIH, que seguiram uma dieta com padrão maior em carboidratos e menor em gorduras. As estratégias de intervenção foram baseadas no aconselhamento nutricional semanal e fornecimento de produtos necessários para a realização da dieta. As dietas foram traçadas utilizando as recomendações das diretrizes Holandesas e seguiam um padrão Normocalórico, a fim de manter o peso dos pacientes durante todo o estudo.

Doze semanas de acompanhamento foram realizadas, onde no início (semana 0) e no fim (semana 12), os participantes foram submetidos a uma extensa fenotipagem metabólica e exames laboratoriais para avaliar as mudanças obtidas.

Dados interessantes foram encontrados:

  • 58% dos participantes eram do sexo feminino
  • A idade média era de 60 anos
  • O IMC médio dos participantes foi de 29,9 kg/m²
  • O consumo dietético habitual auto referido foi semelhante entre os dois grupos antes do estudo, com a média de consumo de gordura, proteína e carboidratos em 37,7%, 15,6% e 41,5% das calorias totais diárias, respectivamente.
  • 76% dos participantes foram classificados como tolerantes à glicose no início de estudo de acordo com os níveis de glicose em jejum e em 2 horas após o teste TOTG.
  • IMC ligeiramente maiores foram encontrados em pacientes com fenótipo RIH quando comparados aos pacientes com fenótipo RIM (p=0,037)
  • 94% do grupo A e 88% do grupo B conseguiram completar o estudo
  • Ambas as dietas tiveram alta adesão durante o estudo, segundo os dados encontrados

Insulina em jejum, glicose 2h, insulina 2h, e HOMA-IR diminuíram significativamente no grupo de intervenção B, de fenótipo RIH e padrão alimentar com maior conteúdo de carboidratos, mas não no Grupo A (p<0,05). O Índice Matsuda, que avalia a sensibilidade à insulina do corpo todo, também aumentou significativamente no grupo de intervenção B (de 4,2 para 5,1) em comparação ao grupo A (de 4,8 para 5,1) (p=0,004). Hb1Ac tende a diminuir ligeiramente mais no grupo B quando comparado ao grupo A (p= 0,091).

Mesmo sem a intenção dos pesquisadores, houve uma perda de peso semelhante entre os dois grupos (p <0,001), após a realização de uma Absorciometria de Raios X de dupla energia (DEXA) foi constatado que essa perda foi causada pela redução de gordura corporal, que tendeu a ser maior no Grupo B quando comparado ao Grupo A (p = 0,058). A gordura hepática e a gordura muscular tendem a diminuir igualmente entre ambos os grupos. (p= 0,58).

Efeitos mistos no bem-estar auto referido foram percebidos como redução de sonolência diurna, de fadiga e de estresse.

Os pesquisadores concluem que as intervenções dietéticas por modulação de macronutrientes tiverem relevâncias clínicas importantes para a saúde cardiometabólica e a avaliação da fenotipagem de RI de cada paciente acentua essas melhoras, podendo ser superior à dietas baseadas unicamente em diretrizes gerais.

Mais estudos devem ser feitos sobre este assunto.

Referência: As melhorias na saúde cardiometabólica após a intervenção dietética são impulsionadas pelo fenótipo de resistência à insulina específico do tecido: um estudo nutricional de precisão

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