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Os riscos do tabagismo na gestação e lactação

O uso de tabaco é uma preocupação global devido aos graves riscos à saúde que representa. O tabagismo é uma das principais causas de mortes evitáveis em todo o mundo, sendo responsável por mais de 8 milhões de mortes anuais, inclusive aquelas relacionadas à exposição ao fumo passivo. No entanto, a Índia enfrenta desafios significativos nesse cenário devido à prevalência alarmante de consumo de tabaco, onde quase 267 milhões de adultos consomem produtos de tabaco, resultando em cerca de 1,35 milhão de mortes anuais.

O aumento preocupante do uso de tabaco entre mulheres indianas, especialmente na forma sem fumaça, é particularmente alarmante devido aos sérios riscos que representa para a saúde. O tabagismo durante a gravidez, por exemplo, pode causar partos prematuros e resultar em bebês com baixo peso ao nascer. Além disso, coloca em risco a saúde das mães e seus filhos, com potenciais problemas cardíacos, alergias, distúrbios do sono, infecções respiratórias e até morte súbita infantil.

O objetivo deste estudo é estimar o uso de tabaco entre mulheres grávidas e lactantes casadas na Índia e identificar os fatores associados a esse consumo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a importância de identificar os usuários de tabaco como parte do tratamento do tabagismo, destacando a necessidade de políticas mais direcionadas de gênero para melhorar a saúde pública.

Para realizar essa pesquisa, foram analisados dados da Quinta Pesquisa Nacional de Saúde da Família (NFHS-5) realizada na Índia entre os anos de 2019 e 2021. O estudo concentrou-se em mulheres atualmente casadas, que estavam grávidas ou em período de amamentação, com idades variando de 15 a 49 anos.

A pesquisa utilizou um desenho de amostragem estratificado de dois estágios, selecionando unidades de amostragem primárias (PSUs) na primeira etapa e domicílios na segunda etapa. A coleta de dados incluiu a aplicação de questionários, que foram utilizados para reunir informações sobre o uso de tabaco entre as mulheres, bem como o tipo de produto de tabaco que utilizavam. Aquelas que fumavam cigarros, cachimbos, charutos, bidis ou narguilé foram consideradas fumantes de tabaco, enquanto aquelas que mascavam tabaco na forma de Khaini ou Gutkha/Paan masala com tabaco, ou consumiam Paan com tabaco, foram classificadas como usuárias de tabaco sem fumaça . Mulheres que utilizavam tanto tabaco fumado quanto sem fumaça foram categorizadas como usuárias combinadas de tabaco.

Os resultados revelaram que 2,5% das mulheres grávidas e 3,2% das mulheres lactantes casadas na Índia usavam tabaco de alguma forma. É importante destacar que a preferência recaiu amplamente sobre a forma sem fumaça, com mais de 85% das mulheres optando por esse método, devido ao baixo custo, disponibilidade e aceitação. Além disso, o consumo de cigarros era menos comum entre essas mulheres.

A pesquisa também mostrou que a prevalência do uso de tabaco aumentou com a idade entre as mulheres grávidas, mas diminuiu após os 30 anos de idade. Além disso, mulheres com menos de dois filhos apresentaram uma maior probabilidade de uso de tabaco, e pertencer às classes sociais mais pobres também estava associado a uma maior probabilidade de uso de tabaco entre as grávidas. O uso de tabaco variou consideravelmente de acordo com a educação, religião e local de residência das mulheres.

Os resultados desse estudo apontam para uma série de fatores associados ao uso de tabaco entre mulheres grávidas e lactantes na Índia, incluindo idade, educação, situação econômica, número de filhos, religião e local de residência. A preferência pelo tabaco sem fumaça é evidente, com implicações significativas para a saúde pública. Portanto, o estudo destaca a importância de implementar políticas de saúde direcionadas a esses grupos de mulheres a fim de reduzir o uso de tabaco e minimizar os riscos à saúde. Apesar de haver relatos de declínio no consumo de tabaco entre mulheres na Índia, ainda existem desafios significativos, particularmente entre as mulheres mais jovens, que são alvo da indústria do tabaco.

O tabagismo em mulheres está associado a riscos específicos, como menopausa precoce e complicações durante a gravidez, tornando fundamental a implementação de intervenções baseadas em evidências e estratégias de conscientização para abordar as causas subjacentes do consumo de tabaco entre esse grupo vulnerável. Portanto, a cessação do tabagismo deve ser incorporada aos cuidados pré-natais e ao sistema de saúde, visando desencorajar e prevenir o uso de tabaco durante a gravidez e a amamentação.

REFERÊNCIAS: 

V. Amrit; K. Meenu; S. Parmal; S.S.Kumar; G. Sonu; S. Sukbir; et al Tobacco use in currently married pregnant & lactating women in India; key findings from the National Family Health Survey-5. The Lancet Regional Health – Southeast Asia, ISSN: 2772-3682, Page: 100274 Published:September 13, 2023 https://doi.org/10.1016/j.lansea.2023.100274

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