As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), sendo ela a mais comum das doenças hepáticas, tendo prevalência de 25,4% e com os números crescendo.
A DHGNA engloba espectros de condições como acúmulo excessivo de gordura no fígado (triglicerídeos) que podem variar de esteatose a esteato-hepatite, cirrose, fibrose, podendo evoluir para um carcinoma hepatocelular (CHC) e está fortemente associada a doenças crônicas como o diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica, obesidade e doenças cardiovasculares.
Dado aos efeitos hipoglicemiantes e ateroscleróticos positivos obtidos com uso de curcumina em pacientes com diabetes do tipo 2, pesquisadores questionam se esse uso seria benéfico também em pacientes com DHGNA. Foi então, conduzido um estudo clínico randomizado, duplo-cego e controlado para avaliar se a suplementação de curcumina associada a modificação do estilo de vida teria efeitos benéficos nestes pacientes.
Foram selecionados pacientes maiores de 18 anos, com diagnóstico de DHGNA e sem histórico de diabetes, cirrose, hepatite, distúrbios biliares, doenças autoimunes, distúrbios da tireóide, hipertensão, doenças cardiovasculares e alcoolismo. Eles foram setorizados em 2 grupos e avaliados durante 12 semanas, entre o controle (P) (n=23), que recebeu 3 cápsulas de placebo por dia, e o grupo de suplementação (S) (n=27), que recebeu de 1.500 mg de curcumina distribuídos em 3 cápsulas ao dia, ambos os grupos foram aconselhados a se exercitar três vezes por semana, 30 minutos cada sessão.
Cada cápsula do grupo S tinha 475 mg de curcuminóides e óleo essencial (turmerones), enquanto as cápsulas de placebo foram preenchidas com maltodextrina de formato e coloração idêntica aos do grupo S.
No início do estudo não foram observadas alterações de homogeneidade nos grupos e após 12 semanas de intervenção, resultados foram notados em ambos os grupos. A intervenção no estilo de vida demonstrou um resultado significativo no índice (IFG) e escore (EFG) de ambos os grupos (IFG: p=0,002 para grupo S e p=0,01 para grupo P; EFG: p˂0,001 para S e p=0,021 para P). Houve uma redução de escore de BAAT (IMC, idade, ALT e escore de TG) (p=0,076) no grupo S e no índice TyG, um novo marcador com alta especificidade e sensibilidade no diagnóstico da síndrome metabólica, entre os dois grupos (-0,16 vs. -0,09, p=0,029).
Os dados mostraram que a suplementação de 1,5g de curcumina por dia associada com mudança no estilo de vida não exerceu efeitos mais positivos na saúde cardiometabólica do que o grupo controle, mas houve uma maior diminuição no número de pacientes com IFG grave (>60) e síndrome metabólica.
Os pesquisadores concluem que não há um medicamento específico para tratamento de DHGNA aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) até o momento, mas que a mudança no estilo de vida, redução de ingestão calórica e prática de atividade física são considerados tratamentos não farmacológicos mais eficazes para a doença.
