O diabetes mellitus foi considerado um fator de risco aumentado para o desenvolvimento de sintomas agravados após contato com COVID-19 desde o início da pandemia, em 2019. Esses resultados foram descobertos por pesquisas que, analisando dados da saúde da população, mostraram risco aumentado de mortalidade por COVID-19 ou maiores chances de internação em unidades de terapia intensiva (UTI) em pacientes que tinham diabetes pré-existente.
Um estudo recente buscou investigar se a presença do diabetes seria realmente um fator para a gravidade do COVID-19, avaliando a tese, com indivíduos que têm o adicional da presença de outros fatores preocupantes como outras comorbidades e idade, comparando-os a indivíduos sem diabetes.
Foram utilizados dados de 2.210 pacientes coletados por prontuários médicos, com diagnóstico clínico de COVID-19 e diabetes mellitus antes da internação ou HbA1c > 6,5% durante a internação (CD). Uma linha de base de 2.210 pacientes com COVID-19 e sem diabetes (SD) foi utilizada para comparação dos dois grupos. Todos os indivíduos foram comparados pelo mesmo sexo (feminino), idade base (69,4 anos nas mulheres CD e 69,5 anos para mulheres SD) e data de admissão no hospital.
Foram avaliados diferentes desfechos dentro de 7 a 28 dias de internação hospitalar: Morte e ventilação mecânica invasiva (VMI), Morte e Ventilação mecânica invasiva (VMI).
Quando comparados, as pacientes com diabetes mellitus tinham maior propensão a serem obesas, ter hipertensão, dislipidemia e doenças cardiovasculares.
Esses indivíduos, quando avaliados pelo Índice de Comorbidade de Charlson (uCCi), tinham uma taxa de comorbidade de 39,6% quando comparados ao grupo controle, de 27,9%:
- Infarto do miocárdio: 13,7% (SD) e 24,3% (CD)
- Insuficiência cardíaca congestiva: 7,5% (SD) e 11% (CD)
- Doença vascular periférica: 4,4% (SD) e 10,9% (CD)
- Doença cerebrovascular: 9,2% (SD) e 12% (CD)
- Demência: 0,4% (SD) e 0,5% (CD)
- Doença pulmonar crônica: 19,5% (SD) e 21,4% (CD)
- Doença reumática: 3,8% (SD) e 4% (CD)
- Doença ulcerosa péptica: 0,5% (SD) e 0,4% (CD)
- Doença renal: 14,6% (SD) e 31,5% (CD)
- Doença hepática leve: 2,2% (SD) e 6,6% (CD)
Os pesquisadores concluíram que os pacientes com diabetes tiveram pior prognóstico quando expostos ao COVID-19 quando comparados com pacientes sem diabetes. A variável de Morte e VMI atingiu 29% (CD) e 21,6% (SD) dos pacientes aos 7 dias de internação e 34,8% (CD) e 28,4% (SD) aos 28 dias. Esses resultados suportam a tese de que o diabetes é um fator de risco para desenvolvimento de piores prognósticos de COVID-19, independente da carga de comorbidade associada e mais estudos devem ser realizados para o esclarecimento dessas vias biológicas a fim de traçar uma melhor e mais intervenção.