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Ingestão de polifenóis dietéticos e melhora de componentes da síndrome metabólica.

Polifenóis, produtos do metabolismo secundário de plantas tem suas classes – flavonoides, ácidos fenólicos, lignanas, estilbenos – definidas de acordo com estruturas químicas específicas. A dieta mediterrânea proporciona elevado consumo de polifenóis, já que é rica em alimentos de origem vegetal. Sabe-se que, polifenóis apresentam propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e a ingestão destes compostos tem sido associada com a melhora de componentes da síndrome metabólica (SM), como resistência insulínica, pressão arterial e peso corporal. No entanto, devido a complexidade da SM e da heterogeneidade dos compostos fenólicos, não existe apenas uma classe de polifenóis capaz de promover melhora de todos os componentes da síndrome metabólica. Assim,  são necessárias mais evidências científicas sobre o efeito das diferentes classes de polifenóis em cada componente da SM.

Recentemente, a revista científica Nutrients publicou um estudo transversal a partir de dados do estudo multicêntrico, randomizado, controlado, denominado “PREvención com Dieta MEDiterranea-Plus (PREDIMED-Plus)”, que descreveu o consumo alimentar de polifenóis em indivíduos com SM e associou as subclasses destes compostos com componentes da SM nesta população.

Foram incluídos 6633 participantes de 23 centros de saúde da Espanha. Os desfechos primários estudados foram ingestão alimentar de polifenóis totais e subclasses. Como desfechos secundários incluiu-se glicose plasmática, hemoglobina glicada, HDL-c, triglicérides, LDL-c, Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência da Cintura (CC). As variáveis de ajuste utilizadas foram: idade, escolaridade, nível de atividade física, tabagismo, consumo energético, ingestão de ácidos graxos saturados e de álcool.

A ingestão alimentar de polifenóis totais foi  846 ± 318 mg/dia, sendo 58% flavonoides (491 ± 253 mg/dia), 33,1% de ácidos fenólicos (280 ± 131 mg/dia), estilbenos (280 ± 131 mg/dia), lignanas (1,53 ± 0,56 mg/dia) e demais compostos fenólicos (70,8 ± 41,5 mg/dia). Dentre os flavonoides, o grupo dos flavanols foram os principais encontrados, sendo 24,1% de proantocianidinas, seguido por flavanonas (9,83%), flavonas (8,65%), flavonols (6,40%) e antocianinas (5,14%). As fontes alimentares das classes de polifenóis encontradas foram: frutas e chocolates (proantocianinas); laranjas (flavanonas); vinho tinto, azeitonas, chás, cereais integrais (flavonas, flavanols e antocianinas); café, azeitonas e vinho tinto (ácidos fenólicos), vinho tinto (estilbenos) e azeite de oliva extra virgem, frutas e verduras (lignanas).

Os participantes com IMC > 35kg/m2 apresentaram menor ingestão de polifenóis totais, flavonoides e estilbenos quando comparados com aqueles classificados com IMC < 35kg/m2. A ingestão total de polifenóis não se associou com melhora no perfil dos componentes da SM, exceto HDL-c. No entanto, ao avaliar as subclasses de polifenois, encontrou-se associações diretas e inversas com componentes da SM. A elevada ingestão de flanonoides e baixa ingestão de ácidos fenólicos foram associadas a menor CC (p = 0,02 e p < 0,001, respectivamente).  Consumo maior dos demais compostos fenólicos foi inversamente associado com pressão arterial sistólica (p=0,001) e diastólica (p=0,002). As lignanas foram inversamente associadas a glicose plasmática (p=0,04). Todas as classes de polifenóis, exceto ácidos fenólicos e lignanas, foram diretamente associadas com HDL-c. Os triglicérides foram inversamente associados com lignanas (p=0,006) e estilbenos (0,004).

Os autores concluíram que o elevado consumo de todas as subclasses de polifenóis se associou com melhor perfil dos componentes da Síndrome Metabólica, especialmente com a concentração plasmática de HDL-c. Desta forma, os achados deste estudo contribuíram com o detalhamento da relação entre  ingestão alimentar de polifenóis e componentes da SM em adultos com excesso de peso e obesidade.

Referência:

CASTRO-BARQUERO, S. et al. Dietary Polyphenol Intake is Associated with HDL-Cholesterol and A Better Profile of other Components of the Metabolic Syndrome: A PREDIMED-Plus Sub-Study. Nutrients, v. 12, n. 3, 4 mar. 2020.

Link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32143308/

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