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Características ambientais e nutricionais em crianças de 6 a 7 anos residentes em Alagoas, Brasil.

Mudanças significativas são facilmente notadas na saúde e nutrição dos brasileiros nos últimos 35 anos, caracterizando a chamada transição nutricional. A desnutrição energético-proteica e o aumento na obesidade são fatores de grande importância nas taxas de mortalidade infantil, refletidas também, do desenvolvimento socioeconômico e infraestrutura ambiental, como acesso a saneamento básico, água potável, alimentação de qualidade e serviços de atenção á saúde materno-infantil disponíveis. 

Estudo brasileiro teve o objetivo de analisar as características socioambientais, conjunto de habilidades mentais e estado nutricional de crianças de 6 a 7 anos de escolas públicas de Alagoas, Brasil. A amostra foi composta por 64 crianças, matriculadas em 3 escolas diferentes, localizadas em cada uma das regiões Alagoanas: rural, litoral e sertão.

Foram aplicados questionários socioambientais com os pais/responsáveis das crianças selecionadas para o estudo, questionando o acesso ao saneamento básico, coleta de lixo, tipo de moradia, entre outros fatores consideráveis. O teste psicológico Davis Wechsler’s Escala de Inteligência Wechsler para Criançaspt (WISC IV) foi aplicado nas crianças a fim de verificar as funções cognitivas, capacidade intelectual e resolução de problemas. Quanto as análises antropométricas, foram utilizadas as medidas de altura, peso e idade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e parâmetros como relação de altura/peso e ponto de corte para altura por idade para crianças de 0 a 10 anos foram aplicados.

As análises nutricionais foram feitas a partir de um recordatório 24h e o protocolo Food and Nutritional do Sistema de Vigilância (SISVAM) foi aplicado, um instrumento padronizado pelo Ministério da Saúde, para demarcar consumo alimentar e medição qualitativa sobre os hábitos alimentares das crianças avaliadas.

Os resultados obtidos pelos pesquisadores foram:

Demográficos:

  • Das crianças avaliadas 45,31% tinham 06 anos e 59.69% tinham 07 anos de idade, sendo 59,38% do sexo feminino.
  • 100% das casas eram de alvenaria e apenas 98,4% tinham banheiro.
  • 4,6% das crianças avaliadas tinham hábito de tomar banho em rio ou lagoa, destas 15,62% apresentaram laudo positivo para parasitologias.
  • A renda familiar média é de 1 salário mínimo a cada 4 pessoas por casa.

Psicológicos:

  • Os dados do teste WISC IV apresentaram uma pontuação abaixo da média esperada, o que significa insuficiência no raciocínio lógico, capacidade de concentração e atenção. Nos testes “Teste de Atenção Concentrada” e “Compreensão de Frases Faladas”, que estão relacionados com atenção, habilidade oral e compreensão auditiva, os participantes foram classificados como medianos.

Nutricionais:

  • O peso médio das crianças era de 24kg (Escola 1 = 25kg, Escola 24kg, Escola 3 = 23,3kg) e não houve diferenças significativas no consumo calórico, de micro e macronutrientes entre as 3 escolas.
  • Já pela avaliação de IMC, as crianças foram majoritariamente classificadas como eutróficas. Escola 1 = 17kg/m², Escola 2 = 16,4 kg/m², Escola 3 = 16,5 kg/m².
  • 75% dos pais entrevistados relataram não ter nenhum tipo de tratamento na água consumida, sendo 90% vindo de fontes de fossas rudimentares ou aterramentos e 10% de efluentes diretamente de rios.

A realidade econômica destas famílias influencia diretamente sobre a alimentação das crianças. O consumo de uma dieta energética-proteica adequada para a idade é essencial para o desenvolvimento das crianças, podendo causar deficiências em todos os parâmetros avaliados (nutricional, sociodemográfico, psicológico e funcional). 

Este estudo aponta a necessidade de atenção para estrutura socioeconômica das famílias Alagoanas, mas também, aponta a importância de um olhar crítico para esse tema em todo o Brasil. Mais estudos devem ser realizados para avaliar os pilares do desenvolvimento multifatorial das crianças brasileiras.