Um painel internacional de especialistas publicou o primeiro conjunto de recomendações baseado nas atuais práticas clínicas e em evidências científicas para o uso de terapia com dieta cetogênica em adultos com epilepsia refratária. As diretrizes foram publicadas no periódico Neurology Clinical Practice.
Já existiam diretrizes estabelecidas para a terapia com dieta cetogênica como método de redução de convulsões em crianças, mas até o momento não havia recomendações formais para adultos.
Participaram da elaboração das diretrizes, especialistas que atuam em 20 centros que utilizam a terapia com dieta cetogênica em mais de 2.100 adultos com epilepsia em 10 países.
As principais recomendações presentes na diretriz encontram-se abaixo:
- A terapia com dieta cetogênica deve ser ajustada de acordo com as necessidades do indivíduo, levando em conta suas características físicas e mentais, patologias clínicas subjacentes, preferências alimentares, tipo e quantidade de suporte de familiares e outros, nível de autossuficiência, hábitos alimentares e facilidade em seguir a dieta.
- É possível utilizar duas ou estratégias de dieta cetogênica, como dieta de Atkins modificada, dieta cetogênica clássica, dieta cetogênica modificada e/ou tratamento de baixo índice glicêmico.
- A utilização de óleo de triglicerídeos de cadeia média em combinação com a dieta cetogênica pode ser utilizada para otimizar a produção de corpos cetônicos.
- O nutricionista deve oferecer ideias de receita para os pacientes, bem como treinamento individualizado sobre o estilo de vida associado à dieta cetogênica e orientações para o planejamento das refeições antes do início da dieta. Isso resultará em maior probabilidade de sucesso, visto que os pacientes frequentemente relatam dificuldades em lidar com a restrição de carboidratos.
- Devem ser realizados exames bioquímicos antes do início da dieta cetogênica para o rastreamento de alterações pré-existentes e para estabelecer um parâmetro de comparação a partir dos resultados obtidos no acompanhamento após 3, 6 e 12 meses, e então anualmente ou quando necessário.
- É também necessário o monitoramento de cetonas (βHB sérico ou AA urinários) durante os primeiros meses de terapia com dieta cetogênica, a fim de indicar a adesão ao tratamento e a resposta bioquímica.
- Os pacientes em terapia com dieta cetogênica devem ser orientados a usar polivitamínicos e suplementos minerais, e a beber muito líquido.
Além das recomendações, os autores acrescentam que uma variedade de doenças comuns do adulto, como hiperlipidemia, doença cardíaca, diabetes e baixa densidade mineral óssea, além da gestação, requerem considerações adicionais, cautela e monitoramento da terapia com dieta cetogênica.
Para concluir, os autores afirmam que, assim como para crianças com epilepsia, a terapia com dieta cetogênica pode ser segura e efetiva para adultos com epilepsia, mas deve ser realizada apenas com o suporte de profissionais de saúde capacitados para seu uso, disse o grupo.
Referência
Mackenzie C. Cervenka, et al. International Recommendations for the Management of Adults Treated with Ketogenic Diet Therapies. Neurol Clin Pract Oct 2020.