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Estilo de vida e declínio cognitivo

Olá. Sejam bem-vindos a mais um Ganepão 60 nutrisegundos. Sou Dan Waitzberg e, para retomar nossos encontros, vou contar os resultados de um estudo de prova de conceito que avaliou se intervenções no estilo de vida podem melhorar a cognição em idosos com declínio cognitivo.

O trabalho contou com 119 participantes com mais de 65 anos com declínio cognitivo subjetivo, dos quais, 57 foram incluídos no grupo de intervenção e 62 no grupo de controle.

O grupo controle completou quatro módulos educacionais on-line com os seguintes temas: demência e fatores de risco associados ao estilo de vida, dieta mediterrânea, atividade física e envolvimento cognitivo. Os participantes foram instruídos a incorporar as lições ao seu estilo de vida. Já o grupo intervenção completou os mesmos módulos educacionais on-line, mas também recebeu ajuda para realizar mudanças saudáveis no estilo de vida: tiveram consultas com um nutricionista, com um fisiologista do exercício e participaram de um treinamento cerebral on-line.

Fatores de risco de doença de Alzheimer associado ao estilo de vida foram avaliados a partir do Índice de Risco de Doença de Alzheimer da Australian National University (ANU-ADRI), e a cognição foi avaliada por meio da subescala cognitiva da Escala de Avaliação da Doença de Alzheimer e outros testes padrão.

Ao final de seis meses de acompanhamento, o grupo intervenção obteve uma pontuação significativamente menor (melhor) no ANU-ADRI (p = 0,013) e uma pontuação de cognição significativamente maior do que o grupo controle (p = 0,026). Os participantes do grupo intervenção melhoraram suas pontuações de risco associado ao estilo de vida em 2,5 pontos e, segundo os autores, já foi demonstrado que uma mudança ≥ 2 pode impactar no risco de demência.

De acordo com os autores, esses achados apoiam a hipótese de que melhora nos fatores de risco para demência associados ao estilo de vida podem levar a melhorias na cognição em curto período de tempo em uma população em declínio cognitivo.

Entretanto, o curto tempo de acompanhamento, de seis meses, é uma limitação do estudo, visto que metanálises de intervenções não farmacológicas para declínio cognitivo subjetivo recomendam acompanhamento mínimo de 12 meses.

Além disso, o declínio cognitivo subjetivo tem muitas causas, incluindo os padrões normais de envelhecimento cognitivo, efeitos de medicamentos, quadros clínicos como apneia do sono, deficiência de vitamina B12, distúrbios da tireoide, entre outros. Não está claro neste estudo com qual rigor outras causas clínicas foram excluídas nesses participantes.

Um efeito placebo também não pode ser descartado: o grupo controle foi exposto a módulos on-line, enquanto o grupo intervenção participou de intervenções presenciais e individuais para dar suporte às modificações no estilo de vida. Essas interações individuais podem aumentar o efeito placebo e contribuir para os resultados positivos do estudo. Em um melhor desenho de metodologia, o grupo controle teria sido exposto a intervenções individuais semelhantes, mas para objetivos não relacionados com as intervenções no estilo de vida.

Esses tipos de avaliações rigorosas de intervenções no estilo de vida são necessários na área e devem ser aplaudidas, e, mesmo com limitações, os resultados deste estudo apoiam a condução de um estudo maior e mais longo com este grupo de participantes.

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Referência

McMaster M, Kim S, Clare L, Torres SJ, Cherbuin N, DʼEste C, Anstey KJ. Lifestyle Risk Factors and Cognitive Outcomes from the Multidomain Dementia Risk Reduction Randomized Controlled Trial, Body Brain Life for Cognitive Decline (BBL-CD). J Am Geriatr Soc. 2020 Sep 9. doi: 10.1111/jgs.16762. Epub ahead of print.

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