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Relação entre ingestão de fibras e saúde mental

Ao longo dos anos a literatura cientifica aponta que a qualidade da dieta pode estar associada ao desenvolvimento de sintomas depressivos. Pesquisas experimentais humanas sugerem que dieta pobre em fibras se relaciona com desenvolvimento e sustentabilidade de sintomas depressivos. O mecanismo exato ainda não foi determinado, mas  estudos sugerem que a ingestão alimentar de fibra pode modular problemas de saúde mental por meio do microbioma intestinal.

Nesse cenário, um estudo publicado na revista da Sociedade Europeia de Menopausa e Andropausa examinou prospectivamente a associação entre  ingestão de fibra dietética e escores de qualidade de vida relacionados à saúde mental (QV), e sintomas depressivos, em coorte de 14.129 mulheres pós-menopáusicas no Iowa Women’s Health Study.

A ingestão alimentar foi avaliada no início do estudo (1986) por meio de um questionário de frequência alimentar de 127 itens. As pontuações de QV relacionadas à saúde mental foram avaliadas no questionário de acompanhamento (2004) usando o componente de Saúde Mental (SM) e as escalas do Composto de Saúde Mental (CSM) derivadas do SF-36 Health Survey. A associação entre ingestão de fibra alimentar e  escores médios de QV foi examinada por meio de regressão linear, com ajuste para idade, ingestão de álcool, ingestão de energia, relação cintura-quadril, atividade física, tabagismo e educação.

A ingestão mediana de fibra alimentar foi 19,0 g/dia, (1,1 a 89,4 g/dia). Os três quartis superiores da ingestão total de fibra alimentar foram associados de forma semelhante com pontuações de qualidade de vida mais altas quando comparados ao quartil inferior da ingestão total de fibra (p para tendência = 0,02) após ajuste para fatores demográficos, socioeconômicos e de estilo de vida. Observou-se tendência positiva entre consumo de fibra de grãos integrais e saúde mental e tendência inversa sugestiva para o consumo de fibra refinada em relação à escala de saúde mental. Não houve associações estatisticamente significativas para o escore CMS.

As diferenças nas associações multivariáveis para MH e MCS podem refletir diferenças  em como cada pontuação é determinada. Por exemplo, a escala de Saúde Mental engloba ansiedade, depressão, perda de controle comportamental / emocional e bem-estar psicológico, enquanto a escala Composto de Saúde Mental também considera outros aspectos mentais e físicos. Das duas escalas utilizadas, as conclusões sobre a associação entre  ingestão de fibras e  desenvolvimento de sintomas depressivos são mais apropriadamente capturadas pela escala de saúde mental, pois é o componente mais válido para distinguir grupos que diferem na gravidade das condições psiquiátricas.

Estes resultados apontam uma associação estatisticamente significativa entre os quartis de ingestão de fibra e os escores validados de saúde mental em mulheres na pós-menopausa. “Este estudo sugere contribuição da dieta na saúde mental, o que se prestaria a estudos de intervenção para testar estratégias nutricionais na prevenção e tratamento de doenças mentais”, concluem os autores.

Referência

Ramina S, Mysza MA, Meyerb K, Capistranta B, Lazovicha D, Prizmenta A. A prospective analysis of dietary fiber intake and mental health quality of life in the Iowa Women’s Health Study. Maturitas 131 (2020) 1–7.

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