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Mudanças de peso a longo prazo tem relação com o risco de câncer de mama?

Muito se tem falado sobre a obesidade e o aumento do risco no desenvolvimento do câncer de mama em mulheres na pós-menopausa. Entretanto, novas descobertas sobre a adiposidade, desde o início da vida até a menopausa, têm afirmado que ela está inversamente relacionada à incidência de câncer de mama na pós-menopausa.

Estudos relataram que o ganho de peso antes dos 20 anos está associado a um menor risco de câncer de mama em mulheres na pré e na pós-menopausa. Enquanto o ganho de peso na meia idade tem sido associado a um risco aumentado de câncer de mama na pós-menopausa, mas não na pré-menopausa. Já a perda de peso tem sido associada à diminuição no risco do desenvolvimento do câncer de mama.

Essas mudanças de peso e a relação com o risco no desenvolvimento de câncer de mama foram estudadas pelo estudo European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC), com acompanhamento de 14 anos, incluindo 157.257 mulheres adultas com, em média, 51 anos (20 a 99 anos), de 10 países europeus. 

Questionários de dieta e estilo de vida foram auto administrados; e medições antropométricas e amostras de sangue, obtidas na inscrição, levando em consideração altura, idade da menarca, idade do primeiro parto, número de gestações a termo, escolaridade, consumo de álcool, tabagismo, atividade física, uso de anticoncepcionais e uso de terapia de reposição hormonal (TRH). 

Informações sobre o peso foram coletadas: peso aos 20 anos, peso de entrada no estudo e peso no decorrer do estudo. A mudança de peso foi calculada como a diferença entre o peso no início do estudo e o peso aos 20 anos, usando a diferença entre o peso no acompanhamento e o peso aos 20 anos como uma atualização. 

O câncer de mama na pré-menopausa foi definido como diagnóstico de câncer de mama com idade < 55 anos e câncer de mama na pós-menopausa com idade ≥ 55 anos.

Os resultados:

  • No início do estudo, 78.506 (52,3%) das mulheres estavam na pré ou peri menopausa e 71.751 (47,7%) na pós-menopausa.
  • Durante o acompanhamento, houve 6.352 casos de câncer de mama, que incluíram 1.461 casos de câncer de mama na pré-menopausa e que já estavam na pré/perimenopausa no início do estudo, 1.388 casos de câncer de mama na pós-menopausa em mulheres que estavam na pré/perimenopausa no início do estudo, 3.503 casos de câncer de mama na pós-menopausa em mulheres que já estavam na pós-menopausa no inicio do estudo.
  • Mais de 50% das mulheres da Itália, Dinamarca e Suécia ganharam mais de 10kg desde os 20 anos até o início do estudo. A frequência de perda de peso foi maior no Reino Unido (11,2%) e entre 6,1% e 7,3% em outros centros.
  • Mulheres que ganharam > 10kg eram mais propensas a ter uma idade menor na menarca e no primeiro parto, dois ou mais filhos, menor escolaridade e menor peso corporal aos 20 anos, serem mais velhas na entrada do estudo, ex-fumantes e mais propensas ter usado Terapia de Reposição Hormonal em comparação com mulheres com peso estável (± 2,5 kg).
  • Não houve associação com o risco de câncer de mama na pré-menopausa, mas houve uma associação positiva de câncer de mama na pós-menopausa em mulheres ganhando de 5 a 10 kg (HR = 1,16; 1,02-1,33) e em ambas as mulheres que estavam na pré-menopausa (HR = 1,29; 1,07–1,55) no início do estudo (HR = 1,33; 1,18–1,50) e que ganharam > 10 kg em comparação com mulheres com peso estável.

Para câncer de mama na pós-menopausa, o ganho de peso foi associado a 24% (5–47%) e 42% (22–65%) de aumento do risco em mulheres magras aos 20 anos e que ganharam de 5 a 10 e >10kg, respectivamente, em comparação com mulheres magras aos 20 anos com peso estável. O ganho de peso em geral para mulheres na pré-menopausa também se mostrou positivamente relacionado com a incidência de câncer de mama.

O sobrepeso aos 20 anos não foi considerado um fator incidente sobre o risco de câncer de mama para mulheres na pós-menopausa, comparado ao grupo de IMC eutrófico.

Link: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8743116/