Você está visualizando atualmente Ômega-3 pode não reduzir risco de doenças cardiovasculares

Ômega-3 pode não reduzir risco de doenças cardiovasculares

Estudo sugere que o consumo de ácidos graxos ômega-3 pode não reduzir o risco de eventos cardiovasculares, mortes por doença cardíaca coronária (DAC), derrames ou arritmias cardíacas.

Metanálise publicada em julho de 2018 no Cochrane Database of Systematic Reviews não encontrou evidências de que o aumento no consumo de ácido alfa-linolênico (ALA) e dos ácidos graxos ômega-3 (AGL n-3) eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA) aumente a saúde cardiovascular ou proteja contra morte por todas as causas ou eventos cardiovasculares.

Pesquisadores britânicos conduziram uma revisão sistemática de 79 ensaios envolvendo 112.059 pessoas. Para ser incluído, cada estudo teve que durar pelo menos 12 meses e comparar a suplementação e aconselhamento para aumentar a ingestão de AGL n-3 ou ALA vs consumo usual ou menor. Destes estudos, 25 preencheram os critérios e apresentaram baixo risco de viés.

Os ensaios variaram entre 12 e 72 meses de duração e incluíram adultos com diferentes graus de risco cardiovascular, principalmente de países de alta renda. A maioria dos estudos avaliou a suplementação de AGL n-3 em cápsulas, mas, alguns utilizaram alimentos fonte ou enriquecidos com AGL n-3 ou ALA e aconselhamento dietético em comparação com placebo ou dieta habitual.

Através de análises meta-analíticas e de sensibilidade, os pesquisadores observaram pouco ou nenhum efeito do aumento no consumo de AGL n-3 na mortalidade por todas as causas quando comparado com placebo ou dieta habitual (8% vs 9%; risco relativo [RR], 0,98; intervalo de confiança de 95% [IC ], 0,90 – 1,03, evidências de alta qualidade).

Da mesma forma, pouco ou nenhum efeito foi encontrado para mortalidade cardiovascular (RR, 0,95; 95% CI, 0,87 – 1,03), eventos cardiovasculares (RR, 0,99; IC 95%, 0,94 – 1,04, evidência de alta qualidade), mortalidade por doença coronariana (CHD) (RR, 0,93; IC 95%, 0,79 – 1,09), acidente vascular cerebral (RR, 1,06; IC 95%, 0,96 – 1,16), ou arritmia (RR, 0,97; IC 95%, 0,90 – 1,05).

Embora na análise inicial os AGL n-3 parecessem reduzir os eventos coronarianos (RR 0,93; IC95% 0,88 a 0,97), a redução não foi mantida nas análises de sensibilidade.

Os pesquisadores também descobriram que é improvável que o aumento da ingestão de ALA afete a mortalidade por todas as causas (RR, 1,01; 95% CI, 0,84 – 1,20) ou cardiovascular (CV) (RR 0,96; IC 95% 0,74 – 1,25) e também pode não afetar eventos coronarianos (RR, 1,00; IC95%, 0,80 – 1,22; evidências de baixa qualidade).

Por outro lado, o aumento do ALA pode diminuir ligeiramente o risco de eventos CV (4,8% a 4,7%; RR, 0,95; IC95%, 0,83 – 1,07; evidências de baixa qualidade) e provavelmente reduz o risco de mortalidade por doença cardíaca coronária (1,1 % a 1,0%; RR, 0,95; IC95%, 0,72 – 1,26) e arritmia (3,3% a 2,6%; RR, 0,79; IC95%, 0,57 – 1,10).

Evidências de baixa / moderada qualidade sugerem que o ALA possa reduzir levemente os eventos cardiovasculares, mortalidade e arritmias, e evidências de alta qualidade sugerem que o AGL n-3 possa reduzir triglicerídeos e aumentar o colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL).

“Os clínicos precisam estar cientes de que, a menos que haja uma necessidade específica de reduzir os triglicerídeos, não há razão para incentivar o uso de suplementos de ômega-3″, concluem os autores. “Por isso, precisamos nos concentrar nas intervenções de estilo de vida que realmente funcionam, como uma dieta de alta qualidade, moderação no consumo de álcool, não fumar e manter uma rotina de atividade física regular”.

Referência

Abdelhamid AS, Brown TJ, Brainard JS, Biswas P, Thorpe GC, Moore HJ, Deane KH, et al. Omega-3 fatty acids for the primary and secondary prevention of cardiovascular disease. Cochrane Database Syst Rev. 2018; 7:CD003177. [Epub ahead of print].

Deixe um comentário