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Adesão a diferentes métodos de introdução de alimentos complementares em bebês de 7 meses

A introdução alimentar é um momento muito esperado e importante na vida do bebê, sendo fundamental para o seu crescimento e desenvolvimento não só neste período, mas na fase infantil e adulta também.

O Ministério da Saúde do nosso país recomenda tanto a oferta de alimentos em pedaços, dando autonomia para a criança levar o alimento até a boca, quanto a oferta de alimentos parcialmente amassados ou picados, sendo oferecido em colher até a boca. Essas consistências devem ser progredidas até chegar a consistência da alimentação da família, aos 12 meses de idade.

Ao passar do tempo, diversos métodos de oferta de alimentos na introdução alimentar foram ganhando atenção, assim foi com o método BLW (Baby-Led Weaning), posteriormente BLISS (Baby-Led Introduction to Solids). As técnicas citadas acima tem um fator em comum, todas elas são guiadas pelo bebê e supervisionadas pelos pais, diferente do método de PLW (Parental-Led Weaning), onde os pais guiam e levam o alimento até a boca do bebê.

Apesar do assunto ter ganhado maior popularidade nos últimos anos, ainda há muito o que se aprender e se disseminar quando falamos em introdução alimentar (IA), por este motivo, um estudo clínico controlado e randomizado buscou avaliar a aplicabilidade dos métodos (BLISS, PLW e misto) em bebês de 7 meses e verificar a sua adesão.

Foram recrutadas 139 duplas de mãe + bebê para serem avaliadas e foram divididas em 3 grupos de avaliação: método PLW (n=46), método BLISS (n=47) e grupo misto (n=46). Foram consideradas mães residentes de Porto Alegre, com bebês recém-nascidos , com peso normal ao nascer (> 2,5 kg) e que ainda não haviam iniciado a introdução alimentar.

Aos 5 meses e meio, as mães participaram de uma oficina de introdução alimentar em uma clínica de nutrição, onde foram treinadas por nutricionistas em como iriam fazer a introdução alimentar conforme o grupo que foram randomizadas, e foram orientadas a manter a amamentação exclusiva até os 6 meses. Além disso, nutricionistas acompanharam todos os grupos durante todo o estudo.

Os métodos:

  • Pais do grupo PLW foram orientados a ofertar alimentos sólidos para os bebês a partir dos 6 meses de idade, com introdução de alimentos de forma lenta e gradual (inicialmente pastosa e progredindo para outras consistências), oferecidos em colher pelo adulto, respeitando o apetite do bebê.
  • Pais do grupo BLISS foram orientados a oferecer alimentos sólidos, em formatos que permitiam que os bebês se alimentassem sozinhos com as próprias mãos, acompanhados por um adulto.
  • O método misto, pais foram orientados a começar a alimentação com o método BLISS e quando a criança demonstrasse desinteresse pela atividade, começar o método PLW, na mesma refeição.

Aos 7 meses os pais foram questionados quanto a adesão do método de introdução alimentar em que estavam alocados a seguir, 43,2% relataram seguir a alimentação de acordo com o que foi proposto na intervenção. Ao avaliar cada método separadamente, houve maior probabilidade de adesão ao método misto 71,3% (n=33), seguido do método PLW com 39,1% (n=18) e BLISS com 19,2% (n=33) (p<0,001). Em sua grande maioria, pais que relataram não seguir o método proposto, acabaram seguindo o método misto (PLW 92,9% e 92,1% BLISS), da mesma forma que 16,5% dos pais alocados para o método misto migraram para o método PLW.

A adesão do método exclusivamente BLISS foi a menor entre os grupos e em estudos populacionais se mostra o método menos aderido no país e um dos possíveis motivos para essa baixa adesão seria a falta de informação, apesar da existência de mais de duas décadas do método, ou de uma falsa sensação de pouco controle por parte dos pais.

Os pesquisadores concluíram que aos 7 meses de idade, a abordagem mais aderida foi a mista, que englobava o método BLISS com alimentos sólidos e que possibilitava que o bebê se alimentasse com as próprias mãos e o método PLW onde os pais conduzem o alimento até a boca do bebê com colher em diferentes consistências e formatos.

Mais estudos devem ser realizados para elucidar a baixa adesão para os métodos e traçarmos métodos de correção para os problemas levantados.

Referência: Moreira PR, Nunes LM, Neves RO, Belin CHS, Fuhr J, Gomes E, Mariath A, Bernardi JR. Adherence to different methods for introducing complementary food to 7-month-old babies: a randomized clinical trial. Rev Paul Pediatr. 2022 Sep 9;41:e2021235. doi: 10.1590/1984-0462/2023/41/2021235. PMID: 36102400; PMCID: PMC9462408.

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