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Associação da qualidade do carboidrato da dieta com deposição de gordura visceral

Amplamente associada a doenças cardiovasculares e metabólicas, a obesidade tem seus números crescentes na última década. Ao mesmo passo de crescimento, está a obesidade abdominal, um grave indicador de gordura visceral. Esse aumento parece estar fortemente associado, com o avanço da idade e a composição da dieta e padrões alimentares pouco saudáveis das modernidades do nosso planeta.

Já é amplamente reconhecido que a alimentação é influenciadora do acúmulo de gordura corporal, mas teria algum nutriente um papel mais intenso nessa influência? Teria apenas a quantidade um papel importante quando falamos em deposição de gordura visceral ou a qualidade também teria o seu grau de influência?

Focaremos em carboidrato no Ganepão News&Views desta semana. O carboidrato, desempenha o seu papel na composição da dieta e no padrão alimentar em relação ao acúmulo de gordura visceral, e sabemos que, temos os carboidratos de alta qualidade, com baixos índices e cargas glicêmicas, que são ricos em fibras, em sua maioria, grãos integrais, leguminosas e frutas, e os carboidratos de baixa qualidade, em sua maioria, industrializados, açucarados e farináceos. Os carboidratos de maior complexidade, vêm sendo associados pela ciência como indutores de menor risco para obesidade, sobrepeso,  doenças cardiovasculares e até mesmo a redução da deposição de gordura visceral.

Desta forma, um estudo de coorte prospectivo, duplo cego e randomizado, buscou avaliar se a qualidade dos carboidratos ingeridos seriam influenciadores na deposição de gordura visceral e avaliar se os benefícios desse macronutriente seriam interessantes em uma intervenção para a perda de peso. 

Foram avaliados 1.476 participantes, alocados em grupos de avaliação ou controle. Todos os participantes selecionados eram idosos (de 55 a 75 anos), eram 701 mulheres (47,5%) e 775 homens (52,5%), sem eventos cardiovasculares prévios, com sobrepeso ou obesidade diagnosticados pelo IMC > 27 kg/m² e < 40 kg/m² e atendentes de pelo menos 3 índices de síndrome metabólica: hipertensão, hipertrigliceridemia, baixo HDL, hiperglicemia ou obesidade central. 

A ingestão alimentar foi avaliada no início e durante o acompanhamento (aos 6 e 12 meses), durante entrevistas presenciais realizadas por nutricionistas e foram aplicados recordatórios alimentares e questionários sociodemográficos. A ingestão total de fibras, índice glicêmico, proporção de carboidratos simples/complexos da dieta foram calculadas, e os participantes foram avaliados por absorciometria de raios x de dupla energia (DEXA) para mensurar a composição corporal, juntamente com a entrevista presencial.

A prevalência de obesidade geral nos participantes foi de 74,9% e obesidade visceral de 93,4%. Variações na qualidade de ingestão de carboidratos (QIC) foram observadas, havendo uma melhora em ambos os grupos (p = 0,024), tanto nos 6 quanto nos 12 meses de avaliação, embora mudanças mais significativas foram provenientes da ingestão de grãos integrais e diminuição de grãos refinados, bem como um aumento da ingestão de fibras dietéticas.

Os participantes com QIC maior eram menos propensos a serem fumantes e tinham maior grau de escolaridade, eles também apresentaram um estilo de vida mais saudável e mais ativo, com menor ingestão de álcool, gordura saturada e gorduras trans. 

Os participantes com maiores níveis de QIC, melhor relação entre grãos integrais/ grãos totais e maior quantidade de ingestão de fibras apresentaram associações negativas mais fortes na adiposidade geral e visceral durante o estudo (p < 0,01), indicando que a qualidade dos carboidratos ingeridos pode ter um impacto maior na saúde e na mortalidade em geral.

Os pesquisadores concluíram que o enfoque em uma dieta com maior ingestão de alimentos ricos em fibras dietéticas, incluindo frutas, legumes, leguminosas, nozes e grãos integrais é uma boa estratégia para perda de peso e melhora da saúde em contexto geral.

Referência: Longitudinal association of dietary carbohydrate quality with visceral fat deposition and other adiposity indicators
Zamanillo-Campos, Rocío et al.
Clinical Nutrition, Volume 41, Issue 10, 2264 – 2274

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