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Atividade física, imunomodulação e COVID-19: o que temos de evidência?

Desde o início da pandemia por COVID-19, cientistas do mundo todo reuniram esforços para buscar esclarecer os fatores internos e externos que poderiam desempenhar um papel importante no prognóstico da doença.

A função imunológica foi frequentemente questionada em piores desfechos da doença e assim, acumularam-se evidências científicas que comprovam esta teoria. Junto a essa teoria, também vieram os estudos questionadores da atividade física como potencial alterador do desfecho da doença por seus efeitos imunomodulares.

O primeiro estudo que abordaremos avaliou 387.109 pacientes adultos no Reino Unido, avaliando o estilo de vida a partir de um banco de dados (tabagismo, inatividade física, obesidade e ingestão excessiva de álcool). O peso e altura foram usados para medir o IMC e mensurar o grau de obesidade geral. Dos participantes 55,1% eram mulheres, com em média 56,4 anos. Os riscos relativos do estilo de vida com a gravidade do COVID-19 foram respectivamente: inatividade física (risco relativo, 1,32), tabagismo (RR 1,42) e obesidade (RR 2,05), mas não o consumo pesado de álcool (RR 1,12).

Outro estudo, feito nos Estados Unidos, com base populacional de 48.440 indivíduos, avaliou o nível de atividade física auto-relatado por sedentários (0 a 10 minutos por semana), prática de alguma atividade física (11 a 149 minutos por semana) e constantemente ativo (mais de 150 minutos por semana) e mensurou o risco de internação, entrada na unidade de terapia intensiva hospitalar e morte por COVID-19. Os resultados apontaram para um risco maior de internação para pacientes sedentários (RR 2,26), entradas na UTI (RR 1,73) e mortes (RR 2,49) por COVID-19 comparado aos pacientes que faziam algum tipo de atividade física.

Resultados semelhantes foram encontrados em um estudo realizado na Coreia do Sul com 212.768 pacientes. Destes, 3% testaram positivo para COVID (76.395), sendo 0,58% destes desfechos graves da doença e 0,059% óbitos. Relacionando com as diretrizes de atividade física de 2018, a faixa de atividade física recomendada trouxe efeitos benéfico para redução do risco de infecção por SARS-CoV-2 (RR 0,78), doença grave por COVID-19 (RR 0,62) e morte relacionada ao COVID-19 (RR 0,17).

Estes dados sugerem que as recomendações da diretriz de prática de atividade física estão fortemente associadas a redução do risco do desenvolvimento de desfechos mais graves da doença, embora a especulação sobre a prática de atividade física desenvolver um tipo de proteção contra a doença ainda tenha que ser mais estudado.

A prática de atividade física deve ser promovida, com ênfase maior em indivíduos que tem o sistema imunológico suprimido e pacientes com doenças crônicas não transmissíveis.