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Baixo consumo de gordura e álcool estão relacionados a prevenção da obesidade a longo prazo

A obesidade é uma doença crônica complexa com prevalência crescente em todo o mundo e associada a comorbidades, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e câncer.

Estudo brasileiro buscou identificar fatores de risco isolados e/ou associados que pudessem influenciar pessoas adultas a tornarem-se obesas após 13 anos de seguimento.

Para isso, o estudo foi realizado em 2 fases: na fase 1, os autores coletaram dados antropométricos, sociodemográficos, de ingestão alimentar e estilo de vida de 685 indivíduos adultos. Após 13 anos de seguimento, na fase 2, essas variáveis foram coletadas novamente. O início de diagnóstico de sobrepeso ou obesidade foi utilizado como variável desfecho.

A idade média dos adultos incluídos na fase 1 foi de 42 ± 13 anos e na fase 2 foi de 56 ± 14 anos. O tempo médio de seguimento foi de 13 anos e o sexo feminino respondeu por 66% da amostra.

O ganho de peso total foi de 5,9 ± 10,2 Kg, o IMC aumentou em 2,6 ± 3,8 Kg/m2 e a circunferência da cintura aumentou 8,0 ± 10,5 cm. A prevalência de sobrepeso / obesidade passou de 49,1% na fase 1 para 69,8% na fase 2 (p <0,001). Os fatores associados com a diminuição do risco de sobrepeso e obesidade foram idades entre 50 e 64 anos (RR 0,40; IC 0,24-0,67 – p = 0,001) e ≥65 anos (RR 0,15; IC 0,06-0,35 – p <0,001), considerando moderado consumo de gordura (segundo quartil) (RR 0,59; IC 0,35-0,97 – p = 0,041), sem consumo de álcool (RR 0,59; CI 0,37-0,93 – p = 0,024) e tabagismo (RR 0,58; IC 0,39-0,86 – p = 0,007) na fase 1.

Os autores concluem que, após 13 anos de acompanhamento, possuir idade avançada, ter consumo moderado de gordura em comparação a baixo consumo, não consumir álcool e tabaco relaciona-se a risco diminuído de início de sobrepeso e/ou obesidade.

O que aprendemos com esse estudo:

  • as ações de prevenção da obesidade devem se concentrar em idades mais jovens e incluir políticas para reduzir o consumo de álcool.
  • o estudo encontrou melhores resultados na prevenção da obesidade no grupo que consumiu gordura moderadamente, entretanto a qualidade da gordura ingerida não foi avaliada, mas já sabemos que as gorduras mono e poli-insaturadas possuem uma boa qualidade nutricional e podem trazer benefícios à saúde quando consumidas com moderação.
  • são os efeitos da nicotina que levam a fatores pelos quais os fumantes têm menor risco de ganhar peso em comparação aos não fumantes. A nicotina atua como um supressor de apetite, gera sensações de saciedade e plenitude gástrica, inibe consumo de alimentos e aumenta taxas metabólicas basais. Apesar destes efeitos, é importante continuar a recomendação de combate ao tabagismo, considerando os efeitos nocivos da nicotina e outros tóxicos. Entretanto, vale de alerta para buscar outras estratégias que tem como resultados os mesmos efeitos da nicotina, mas sem efeito nocivo à saúde.

Referência:

Ludimila Garcia Souza1, Thiago Veiga Jardim2, Ana Carolina Rezende, Ana Luiza Lima Sousa, Humberto Graner Moreira, Naiana Borges Perillo, Samanta Garcia de Souza, Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza, Ymara Cássia Luciana Araújo, Maria do Rosário Gondim Peixoto1and Paulo César Brandão Veiga Jardim. Predictors of overweight/obesity in a Brazilian cohort after 13 years of follow-up. Nutrition Journal (2018) 17:10

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