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Dieta e transplante de microbiota fecal na melhora do diabetes do tipo 2

O diabetes tipo 2 (DM2), é uma forma muito conhecida e o mais comum tipo de diabetes no Brasil, ele é caracterizado pelos níveis aumentados de glicose no sangue, resistência à insulina e considerável falta de insulina. Essa doença vem de um crescente aumento nas últimas décadas, lado a lado da obesidade, principalmente influenciados pelo estilo de vida, forma de alimentação e sedentarismo.

A alimentação apresenta um papel fundamentalmente importante para a formação e desenvolvimento da microbiota intestinal, apresentando rápidas respostas a novos estímulos. A relação entre a alimentação, uso de pre, pro e a microbiota intestinal vem ganhando atenção e sendo mais estudada pelo seu fator de influência no desenvolvimento e risco de desenvolver diabetes tipo 2 e resistência à insulina, incluindo alterações da permeabilidade intestinal, produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs).

Ganhando novas atenções também, o transplante de microbiota fecal (TMF), provou-se eficaz no tratamento de algumas doenças como colite ulcerativa , síndrome do intestino irritável e outros distúrbios gastrointestinais, além do tratamento de resgate por infecções Clostridioses difficile (CDI), mas seria ele um tratamento para o DM2?

A fim de explorar o papel e importância da intervenção dietética sobre a microbiota intestinal e os desenrolares do DM2, um estudo visou avaliar se o TMF em conjunto com a intervenção dietética seria eficaz para o controle do diabetes tipo 2, assim como avaliar apenas a intervenção dietética e seus desfechos.

Foram recrutados pacientes com diagnóstico de diabetes do tipo 2 (DM2) pelo menos 12 meses antes do início do estudo, sem histórico de tabagismo e abuso de consumo de álcool e maiores de 18 anos. Não foram aceitos pacientes que tiveram exposição a antibióticos, consumo de qualquer tipo de pré ou probióticos, doenças gastrointestinais, problemas mentais graves, grávidas e diagnóstico de doenças infecciosas nos últimos 3 meses anteriores ao estudo.

No total, 16 pacientes foram incluídos no estudo, com a idade de 41 a 76 anos e divididos em 2 grupos (1:1) : Grupo Dieta (D) e composto de prebióticos, probióticos e grãos integrais (PPW) (n final = 8) e Grupo Transplante de microbiota fecal (DF), mesma dieta, mesmo composto (PPW) e o transplante de microbiota fecal (TMF)  em 3 ocasiões (dia 1, 8 e 15) (n final = 5), avaliados durante 90 dias, sendo 20 de avaliação e 70 dias de intervenção domiciliar.

Amostras de fezes e de sangue foram coletadas nos dias 0, 20 e 90 para extração de DNA fecal e avaliação bioquímica. Os pesquisadores avaliaram que após 90 dias de tratamento, o PPW diminuiu significativamente o IMC dos pacientes (p = <0,05) e desenvolveu um efeito precoce de perda de peso (aos 20 dias) no grupo DF (p = <0,05) quando comparado ao grupo D, que apresentou efeito de perda de peso após os 90 dias de intervenção.

A dieta melhorou o controle glicêmico, reduziu a glicemia em jejum e a hemoglobina glicada, significativamente em ambos os grupos, mas no grupo DF, houve uma redução de hemoglobina glicada aos 20 dias e um pequeno efeito rebote aos 90 dias. A pressão arterial sistólica diminuiu em ambos os grupos (p < 0,01), assim como, houve uma tendência decrescente dos níveis de colesterol total. Na avaliação da microbiota intestinal, não houve diferenças significativas entre os grupos quanto à riqueza de espécies durante a intervenção, mas sim na uniformidade das espécies, sugerindo que houve uma mudança drástica na distribuição de espécies.

O grupo D revelou uma abundância significativamente maior de Acidaminococcus , Bifidobacterium , Blautia e Pseudomonas , enquanto Bilophila , Oscillospira , Roseburia e Ruminococcus foram significativamente menores. O Grupo DF se alterou ainda mais em aumento de Bifidobacterium, Collisella, Lactobacillus e Prevotella e diminuição de Bacteroides, Bilophila, Lachnospira, Odoribacter, Phascolarctobacterium e Sutterella.

Em conclusão, a intervenção dietética com adicional de prebióticos, probióticos e grãos integrais (D) e a intervenção dietética + transplante de microbiota fecal , reduziram peso corporal, glicemia em jejum, hemoglobina glicada em pacientes com DM2.

Esse estudo foi apoiado pela indústria

Referência:  Su L, Hong Z, Zhou T, Jian Y, Xu M, Zhang X, Zhu X, Wang J. Health improvements of type 2 diabetic patients through diet and diet plus fecal microbiota transplantation. Sci Rep. 2022 Jan 21;12(1):1152. doi: 10.1038/s41598-022-05127-9. PMID: 35064189; PMCID: PMC8782834.