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Melhorar a ingestão dietética de nutrientes pode melhorar a inflamação em pacientes com úlceras do pé diabético

A causa mais comum de amputações de membros inferiores em pacientes com diabetes é a Úlcera do Pé Diabético (UPD), aproximadamente ¼ dos pacientes desenvolvem UPD e 16% caminham para a amputação se não forem tratadas.

A cicatrização é um processo complexo, dependente de diversas interações fisiológicas, assim como a inflamação, que em ferimentos normais persiste por um curto período de tempo e são resolvidas pelo sistema de defesa do corpo. Em pacientes diabéticos com UPD, as feridas crônicas não contam com esse sistema de regulação inflamatória e a hiperatividade inflamatória aumenta a geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) que, em conjunto com demais fatores desregulados de respostas anti inflamatórias, como interleucina 10 (IL10), acarretam em um prejuízo ainda maior no processo de cicatrização.

O processo de modulação nutricional através da reeducação alimentar já tem seus efeitos amplamente conhecidos na melhora de padrões inflamatórios, seria essa uma estratégia com benefícios adicionais para os pacientes diabéticos com UPD? Um estudo publicado na revista Nutrients buscou essa resposta.

Foram recrutados 29 pacientes para um estudo clínico, randomizado e controlado, sendo eles, divididos em grupo controle (n=14) e grupo tratamento (n=15), de idade média de 53,3 anos, acompanhados durante 12 semanas ou até fechamento completo da ferida. Foram excluídos pacientes que fizeram algum tratamento local na UPD, hemoglobina glicada >12, imunossupressão diagnosticada, doença renal crônica, insuficiência hepática, cirrose, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, alcoolismo, uso de varfarina ou distúrbios mentais nos 3 meses anteriores ao estudo.

Ambos os grupos receberam tratamento clínico padrão para feridas (TPF) e os pacientes do grupo tratamento foram orientados a consumir duas porções de um booster de controle glicêmico (500 kcal, 28g de proteína, vitaminas A, C e E, Manganês, Cobre e Zinco), um pela manhã e um à tarde, durante toda a avaliação, além de orientações para melhora do padrão alimentar, aumentando consumo proteico de alto valor biológico, aumento do consumo de vegetais, carboidratos ricos em fibras e a diminuição do consumo de carboidratos simples e alimentos refinados.

Amostras de sangue foram coletadas no início do estudo e nas semanas 4, 8 e 12 (ou momento de cicatrização completa) de avaliação e foram avaliados biomarcadores inflamatórios (IL6, IL10, PCR e Tristetrapolina (TTP)). Não houve diferença significativa entre o grupo tratamento e grupo controle  na avaliação da IL6 no início do estudo (16,1 pg/mL vs. 15,8 pg/mL, respectivamente) e PCR.

O grupo de tratamento teve um aumento significativo de TTP, um importante fator endógeno anti-inflamatório,  (de 361 a 1243 pg/ml), quando comparado ao grupo controle (de 355 para 479 pg/ml), um aumento médio de 7 vezes maior no grupo de tratamento. O grupo controle apresentou um aumento de IL6 e IL10 ao fim do estudo, indicando possíveis infecções de UPD.

Apesar do estudo não conseguir avaliar separadamente os benefícios da suplementação e da reeducação alimentar, os pesquisadores afirmam que quando não é possível atingir a quantidade de proteínas e de vitaminas e minerais no mínimo de 100% da RDA, é benéfico o protocolo de suplementação em conjunto com a reeducação alimentar. A intervenção dietética e o encaminhamento ao nutricionista ainda não são parte do protocolo de tratamento padrão, mas os resultados reiteram a importância para pacientes diabéticos com úlcera de pé diabético.

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