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Níveis séricos de vitamina D e adiposidade corporal estão associados ao aumento da gravidade e mortalidade por COVID-19?

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Motivo de grande sobrecarga nos sistemas de saúde de todo o mundo, o novo coronavírus, causado pelo vírus da síndrome respiratória aguda grave, o SARS-CoV-2, trouxe grande aumento na taxa de mortalidade, além de grandes impactos sociodemográficos que afetam diretamente a saúde e qualidade da assistência social dos países.

A vitamina D é um hormônio esteroide envolvido em muitas funções fisiológicas essenciais, incluindo a preservação da integridade óssea, imunorregulação, estímulo de imunidade inata e imunidade adaptativa, prevenção de doenças infecciosas, auxiliando na saúde cardiovascular, além de atuar em alguns sistemas de regulação hormonal.

Alguns fatores já são reconhecidos como influenciadores dos níveis de vitamina D, como a etnia, variação da exposição solar diária, estações do ano, uso de protetor solar, idade, obesidade e doenças infecciosas, particularmente, as que afetam o sistema respiratório. Os baixos níveis de vitamina D estão associados a maior suscetibilidade a doenças infecciosas, inclusive, as do trato respiratório, como é o COVID-19.

Seria o baixo nível de vitamina D um fator para maiores fatores adversos no desenvolvimento de COVID-19? Teria a suplementação bons benefícios nestes casos? A obesidade teria algum papel negativo nesta situação? São estas perguntas que os pesquisadores deste estudo buscaram solucionar.

Foram admitidos 551 pacientes de um hospital de referência do COVID no México, Instituto Nacional de Ciencias Médicas y Nutrición Salvador Zubirán (INCMNSZ), entre os meses de março e maio de 2020 com exames de vitamina D sérico na admissão e com COVID atestado por tomografia computadorizada e/ou teste de PCR-RT. A avaliação antropométrica foi realizada através de coleta de altura, peso e cálculo de IMC.  Baixos níveis de vitamina D foram definidos como <20 ng/ml (<50 nmol/L) e deficientes como níveis <12 ng/ml (<30 nmol/L)

Todos os pacientes apresentavam sintomas de moderados a graves (Doença moderada: Evidência de doença respiratória inferior durante avaliação clínica ou de imagem e que tenham saturação de oxigênio (SpO 2 ) ≥94% no ar / Doença grave: SpO 2 <94% no ar, uma relação da pressão parcial arterial de oxigênio para a fração inspirada de oxigênio (PaO 2 /FiO 2). 

A gordura corporal foi medida através de tomografia computadorizada, mensurando a espessura do tecido adiposo epicárdico (TAE), em 6 momentos diferentes, sendo utilizada a média entre elas.

Os dados coletados:

  • A média de idade dos participantes foi de 51,92 ± 13,74 anos, com predomínio do sexo (n = 355, 64,4%)
  • IMC médio de 30,05 ± 5,72 kg/m2
  • O acompanhamento médio foi de 15 dias (IQR 10,0, 20,0) e 445 pacientes necessitaram de hospitalização (81,1%). 
  • No total, 93 pacientes receberam ventilação mecânica invasiva (16,88%) e 116 óbitos hospitalares (21,1%) foram registrados. 
  • Diabetes tipo 2 (DM2) estava presente em 146 pacientes (26,9%), 219 pacientes tinham obesidade (42,7%) e 217 estavam acima do peso (42,4%). 
  • Os níveis médios de vitamina D foram de 21,78 ± 9,01 e os níveis de vitamina D abaixo de 20 ng/ml estavam presentes em 251 indivíduos (45,6%). Níveis extremamente baixos de vitamina D (≤12 ng/ml) foram observados em 59 pacientes (10,7%).
  • Indivíduos do sexo feminino eram mais propensos a níveis baixos de vitamina D (<20 mmg/dl) ter diabetes tipo 2, níveis mais elevados de HbA1c, D-dímero e ferritina e menor saturação de oxigênio, albumina e proteína C-reativa. 

Níveis baixos de vitamina D (≤12 ng/ml ou 30 nmol/L) se mostraram preditivos para mortalidade por COVID, além de se mostrar também um importante fator para marcadores de gravidade da doença como dímero D e troponinas cardíacas ultrassensíveis, independentemente da gordura epicárdica ou IMC. Mais estudos devem ser feitos para comprovar a eficácia da suplementação em indivíduos deficientes em vitamina D.