Pacientes com pneumonia grave correm maior risco de desnutrição calórico-proteica, o que prejudicava gravemente a contratilidade dos músculos respiratórios e o sistema de defesa imunológica. Por isso, a triagem de risco nutricional e o suporte nutricional têm sido recomendados para pacientes criticamente doentes com COVID-19, que também apresentam sinais de desnutrição. No entanto, a evidência clínica do risco nutricional e sua associação com desfechos clínicos para pacientes com COVID-19 ainda é limitada.
Nesse cenário, pesquisadores publicaram no The Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, um estudo observacional que avaliou as características clínicas e nutricionais de pacientes COVID-19 graves com base em dados clínicos e rastreamento de risco nutricional. O trabalho também avaliou a relação entre risco nutricional e desfechos clínicos em pacientes gravemente doentes.
O estudo incluiu 413 pacientes que testaram positivo no teste de PCR para COVID-19 e classificados como graves ou criticamente doentes. Dados clínicos e informações de desfechos foram coletados e o risco nutricional foi avaliado por meio do Nutritional Risk Screening 2002 (NRS).
Os principais resultados do estudo mostraram que:
- A maioria dos pacientes, especialmente os pacientes gravemente enfermos, teve mudanças significativas nos parâmetros relacionados à nutrição e marcadores inflamatórios;
- Quanto ao risco nutricional, os pacientes criticamente enfermos apresentaram proporção significativamente maior de escores NRS elevados (P <0,001), que foram correlacionados com marcadores inflamatórios e relacionados à nutrição;
- Entre os 342 pacientes que tiveram pontuação NRS ≥3, apenas 84 (de 342, 25%) receberam suporte nutricional;
- Os pacientes com maior pontuação NRS tiveram maior risco de mortalidade e maior tempo de internação;
- Em modelos de regressão logística, o aumento de 1 unidade no escore NRS foi associado ao risco de mortalidade aumentar em 1,23 vezes (odds ratio ajustado, 2,23; IC de 95%, 1,10-4,51; P = 0,026);
Com esses resultados, os autores concluem que os pacientes graves e criticamente doentes infectados com SARS-CoV-2 estão em risco nutricional e que os pacientes com maior risco nutricional apresentam pior evolução e, portanto, requerem terapia nutricional.
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Referência
Zhao X, Li Y, Ge Y, et al. Evaluation of Nutrition Risk and Its Association With Mortality Risk in Severely and Critically Ill COVID-19 Patients. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2021;45(1):32-42. doi:10.1002/jpen.1953