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Suplementação de vitamina D e risco de depressão/sintomas depressivos

Segundo estudos observacionais, baixas concentrações séricas de 25-hidroxivitamina D estão associadas a risco aumentado de depressão em adultos de meia idade e idosos. No entanto, ainda permanece incerto se indivíduos saudáveis, pessoas com sintomas subclínicos ou com riscos aumentados para depressão poderiam se beneficiar da suplementação de vitamina D de forma preventiva. Neste contexto, 13 ensaios clínicos randomizados investigaram os efeitos da suplementação de vitamina D3 na depressão ou humor em adultos de meia idade e em idosos e apenas um estudo apresentou resultados positivos. A grande limitação destes estudos foi o pequeno tamanho das amostra, consideradas insuficientes para testar a hipótese em questão.

Recentemente, a revista científica JAMA publicou um ensaio clínico randomizado, controlado com placebo, duplo cego denominado “Vitamin D and Omega-3 Trial-Depression Endpoint Prevention (VITAL-DEP)” que investigou os efeitos da suplementação diária de vitamina D3 (2.000 UI/dia) e de óleo de peixe (1g/dia – 465mg de EPA e 375mg de DHA) no aparecimento de depressão em adultos de meia idade e em idosos.

Foram incluídos 18.353 participantes norte americanos, com 50 anos ou mais, sem diagnóstico de depressão no início do estudo, em que 9.181 receberam suplementação e 9.172 placebo. Os desfechos primários estudados foram o risco total de depressão (ocorrência de casos novos e recorrentes) e a trajetória de humor, em longo prazo, com base em 6 avaliações anuais. Os desfechos secundários foram incidência e recorrência de depressão, e variações de humor, em longo prazo, entre os grupos. Analisaram-se os subgrupos considerando: sexo, idade, etnia, vitamina D sérica no início do estudo, Índice de Comorbidades de Charlson, nível de atividade física, região geográfica, óleo de peixe e óleo de peixe placebo, Índice de Massa Corporal (IMC).

A intervenção foi realizada por 5 anos (mediana 5,3 anos), e 90,5% dos participantes completaram o estudo com elevada taxa de adesão à intervenção (90%) em ambos os grupos. Foram reportados 609 casos de depressão ou sintomas depressivos clinicamente relevantes (incidentes e recorrentes) no grupo Vitamina D e 625 casos no grupo placebo. A razão de incidência (Hazard Ratio – HR) foi de 0,97 (0,87 a 1,09 IC 95%; p = 0,62). Os escores de humor não apresentaram diferenças entre os grupos durante o período do estudo (0,01 pontos; – 0,04 a 0,05 IC95%). Ao comparar os desfechos entre o grupo vitamina D e placebo, não foram encontradas diferenças significativas quando ao risco de incidência (HR 0,99; 0,87 – 1,13 IC 95%) ou recorrência (HR 0,95; 0,76 – 1,19 IC 95%) de depressão ou de sintomas depressivos clinicamente relevantes. Adiciona-se que, não foram encontradas diferenças significativas no risco de depressão/sintomas depressivos e de alterações de humor entre todos os subgrupos avaliados.

Os autores concluíram que entre adultos, com 50 anos ou mais, sem sintomas clínicos relevantes de depressão no início do estudo, o tratamento com vitamina D3 comparado ao placebo, não resultou em diferenças significativas na incidência ou recorrência de depressão ou sintomas depressivos, bem como de alterações de humor no período de 5,3 anos de intervenção. Desta forma, os achados deste estudo não apoiam o uso de suplementação de vitamina D3 em adultos para prevenir a depressão.

Referência:

OKEREKE, O. I. et al. Effect of Long-term Vitamin D3 Supplementation vs Placebo on Risk of Depression or Clinically Relevant Depressive Symptoms and on Change in Mood Scores: A Randomized Clinical Trial. JAMA, v. 324, n. 5, p. 471–480, 4 ago. 2020.

Link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32749491/

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